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Uma luz no fim do túnel para os engarrafamentos da BR-101 em SC

Investimentos de R$ 746 milhões em melhorias na BR-101 - em Balneário Camboriú e em outras cidades
Uma luz no fim do túnel para os engarrafamentos da BR-101 em SC
Marcelo Feble

O litoral catarinense é o destino certo para milhões de turistas brasileiros e estrangeiros. São 560 quilômetros de extensão formados por belas praias e cenários paradisíacos.

Durante a temporada de verão uma multidão circula de norte a sul do estado para desfrutar da natureza, apreciar a gastronomia catarinense e conhecer os equipamentos de lazer.

A região de Balneário Camboriú é um dos principais pólos turísticos do país e um dos mais importantes para a economia catarinense. Balneário Camboriú, conhecida como a Dubai brasileira por causa dos edifícios cada vez mais altos e imponentes, recebe uma média de três milhões de visitantes todos os ano.

Para chegar até as cidades litorâneas os visitantes precisam utilizar
obrigatoriamente a estrutura da BR-101 e encontram em praticamente todas as estações do ano períodos de uma rodovia a beira do colapso. Entre Balneário Camboriú e Porto Belo está um dos gargalos mais críticos do fundamental eixo rodoviário federal no estado.

A constatação é do Grupo de Trabalho BR-101 do Futuro coordenado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). A Arteris Litoral
Sul, concessionária do trecho norte da 101, registra um tráfego diário de mais de 60 mil veículos somente na região de Balneário Camboriú.

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal no verão o movimento aumenta 50%. Porém, as pistas duplicadas há mais de duas décadas não têm dado conta de atender toda a demanda do tráfego turístico e do trânsito local. É que a rodovia se transformou em uma via urbana para os moradores das cidades do entorno. E se engana que o problema é só em dias de calor convidativo para um banho de mar.

Na baixa temporada a situação também é caótica principalmente na proximidade na sexta-feira véspera do fim de semana. “É o pior dia ou quando tem acidente” conta a engenheira civil, Dayanne Lima. Ela mora no interior de Camboriú e trabalha em Itapema. São 26 quilômetros de deslocamento de casa até a empresa. Em dias tranqüilos o percurso leva em torno de 20 minutos. “Quando a BR está ruim, uma hora, cheguei a levar duas horas”, lembra.

Crescimento regional

A Dayanne não é um caso isolado de quem mora em uma cidade, trabalha em outra e perde tempo no trânsito da BR-101. Essa tem sido uma realidade cada vez mais frequente impactada inclusive pelo crescimento demográfico no entorno da rodovia.

Na última década mais de 102 mil pessoas passaram a viver entre Balneário Camboriú e Porto Belo. Em 2021, a população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileira de Geografia e Estatística) em cinco cidades da região é de 349.084 habitantes. O número é 41,54% maior em relação ao censo de 2010.

O aumento da frota é outro fator a ser considerado quando se analisa os
congestionamentos na rodovia. Entre 2010 e o início de setembro deste ano os municípios de Balneário Camboriú, Bombinhas, Camboriú, Itapema e Porto Belo tiveram um incremento de 89,37% no número de automotores registrados na base de dados do Detran/SC e Denatran.

O percentual representa 115.596 veículos a mais em circulação somente nessas localidades chegando a um total de 244.936, uma média de
0,70 veículo por habitante. A indústria do turismo, importante atividade e mola propulsora da economia do estado, têm registrado recordes de visitantes nos últimos tempos.

Ano passado, em decorrência da pandemia, Balneário Camboriú teve uma excepcionalidade e pela primeira nos últimos quatro anos recebeu menos de três milhões de turistas. A redução em relação a 2019 foi de 18,83%. Porém, em 2018 a cidade ficou perto dos quatro milhões e, em 2017 e 2018, superou a marca dos quatro milhões e 200 mil visitantes.

De acordo com Geninho Goes, secretário de desenvolvimento econômico e
turismo de Balneário Camboriú, sem um acesso com fluidez e livre de
engarrafamentos, a cidade pode enfrentar dificuldades no futuro. “Eu como um especialista em turismo acredito que o acesso pra cidade, para os destinos ele é de fundamental importância e uma cidade interessante turisticamente sem acesso ela vai perder com isso”, alerta.

A abertura do Centro de Eventos de Balneário, ainda sem data, e o alargamento da praia central previsto pra ficar pronto em novembro, devem movimentar ainda mais o município e consequentemente, ampliar a demanda da BR-101. Entidades ligadas ao trade turístico estão preocupadas com a forma como os turistas encontrarão a rodovia.

Para o Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau as
pessoas paradas no trânsito é antagônico e vai na contramão da boa experiência no turismo. “O turista ele quer desfrutar de um local e quanto mais tempo ele fica parado no trânsito menos prazerosa é a experiência”, ressalta a presidente Margot Rosenbrock Libório.

Construção civil

Itapema é a cidade com a maior valorização imobiliária nos últimos 12 meses do país. A cidade da costa esmeralda acumula uma variação positiva de 24,10% no preço do metro quadrado residencial no índice FipeZap.

É o maior percentual entre as 50 cidades brasileiras monitoradas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. O setor também tem sentido os reflexos da BR-101 praticamente parada em diversos períodos. Conforme Rodrigo Passos Silva, presidente do Sinduscon Costa Esmeralda, o trânsito lento e parado na BR-101 impacta negativamente de forma direta na indústria da construção civil.

“Atrasa insumo, os cronogramas construtivos dos canteiros de obras tem que ser alterados, aumenta o custo, a mão de obra fica parada muitas vezes”, destaca Silva. A preocupação é a mesma do segmento em Balneário Camboriú, município reconhecido internacional pela potência consolidada em novos modelos de negócio imobiliário para atrair investidores.

Dados da secretaria municipal de planejamento indicam que até maio deste ano a prefeitura emitiu 121 alvarás para a construção de mais 157.570,70 m² na cidade. Em 2020 foram 251 divididos em obras que somam 363.094,75 m² . A construção civil de alto padrão também exige uma infraestrutura de acesso adequada.

Nelson Edilberto Nitz, presidente do Sinduscon BC, lembra quando a BR-101 foi idealizada, planejada para trazer desenvolvimento à Santa Catarina. De fato, a rodovia abriu um paralelo entre uma Santa Catarina antes e depois da construção da estrada. “Mas, hoje ela é um divisor de águas”, pondera Nitz.

“Ela faz com que todo o fluxo fica sobrecarregado porque o trânsito local se utiliza dela, além do trânsito da própria BR. E isso é ruim”, salienta.

Propostas de melhorias

Enquanto os municípios da região cresceram e se desenvolveram nos últimos anos, a BR-101 permaneceu praticamente com a mesma condição estrutural e com escassos investimentos de ampliação de capacidade, eficiência e segurança.

Criado em 2014 pela FIESC, o GT BR-101 do Futuro desenvolveu estudos detalhados da rodovia, identificou os pontos críticos e elaborou propostas para mudar essa realidade. Na travessia de Balneário Camboriú, a equipe de técnicos, engenheiros e representantes da Arteris Litoral sugerem diversas intervenções para reestruturar os gargalos que atualmente travam a região.

Em Balneário Camboriú, uma das conclusões do GT foi a necessidade de
marginais contínuas com a construção de pontes de transposição no Rio Camboriú nos dois lados da rodovia. No sentido norte, a concessionária entregou a obra de R$ 19 milhões no fim de junho. A estrutura tem 426 metros de extensão e 10,3 metros de largura.

Um mês depois a própria concessionária constatou uma melhora significa no fluxo contínuo no local. A ponte na marginal Sul com 172,7 metros de extensão começou a ser construída em março e a previsão da concessionária é concluir os trabalhos em setembro de 2022. Ainda em Balneário Camboriú o GT BR-101 do futuro sugere a readequação das
intersecções da BR-101 com a Avenida das Flores, o Boulevard dos Estados, as Rua 3100 e Dom Henrique, e no quilômetro 133.

Em Itapema, a proposta é a construção de marginais contínuas, viadutos, melhorias nas alças de acesso e passagens inferiores, além da readequação da interseção no km 151. Segundo cálculos da FIESC, o
investimento para execução de todo o conjunto de soluções é de R$ 746 milhões.

A Federação estima que o retorno econômico para toda a sociedade possa chegar a quase R$ 3 bilhões. Para chegar a esse valor a FIESC considerou a economia com o tempo de deslocamento dos usuários da rodovia, os custos operacionais e a redução com a emissão de gases poluentes.

As obras propostas não estão no escopo original na atual concessão da rodovia válido até 2032. Para as intervenções serem executadas é preciso aprovação e autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) porque envolve reequilíbrio financeiro do contrato. As propostas estão com o Grupo Paritário de Trabalho do Lote 7 da ANTT responsável pelas discussões que envolvem o trecho norte da BR-101.

A Agência informou que as obras sugeridas serão analisadas na revisão
qüinqüenal do contrato de concessão com previsão de realizar audiências públicas para a tomada de decisão final. A Polícia Rodoviária Federal em Santa Catarina reconhece a necessidade das obras diante de uma realidade que não é mais a mesma de quando a BR-101 foi construída e duplicada.

“É fundamental que haja um investimento forte no aumento da capacidade da BR-101 nesse trecho, a rodovia não dá mais conta do fluxo de veículos o que acontecia 25 anos atrás”, esclarece Adriano Fiamoncini, chefe do núcleo de comunicação da PRF/SC.

Para o prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira (Podemos), não existe mais tempo a perder. “Nós temo que começar imediatamente porque elas ligarão desenvolvimento, mas a ausência delas pode travar o desenvolvimento. E se nós não enfrentarmos esse travamento da mobilidade aqui, toda a região, o estado de Santa Catarina vai ser muito prejudicado”, finaliza.

Em julho a FIESC e o Grupo ND lançaram a campanha BR-101 – SC NÃO PODE PARAR. O objetivo é apontar os problemas e buscar soluções em conjunto com toda a sociedade para melhorar a principal rodovia federal em Santa Catarina. Saiba mais sobre a campanha em www.fiesc.com.br/101.

Fonte(s): PAULO MUELLER, FLORIANÓPOLIS

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