O Brasil registrou em 2021 uma alarmante queda no número de mamografias realizadas: apenas 17% das mulheres aptas fizeram o exame, quando o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a taxa seja pelo menos de 70%. A instrução é que mulheres acima de 40 anos façam o exame anualmente. Em Santa Catarina, o índice está em 18%.
Os dados são do Panorama da Atenção ao Câncer de Mama no Sistema Único de Saúde, idealizado pelo Instituto Avon e pelo Observatório de Oncologia.
No Brasil, a política de mamografia adotada é que as mulheres façam o exame anualmente a partir dos 50 anos, portanto, a faixa etária analisada pelo estudo corresponde de 50 a 69 anos, diferente da recomendada pela OMS.
Entre 2015 e 2021, foram produzidos 28.255.364 exames de mamografia via SUS. Durante a pandemia, houve queda neste número, registrando redução nacional de 40% de 2019 para 2020 e de 18% de 2020 para 2021.
“Os impactos desta pandemia aliados à falta de priorização em investimentos na saúde feminina se traduzem em números que vão prejudicar diretamente a saúde das brasileiras pelos próximos anos”, afirma Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.
A pior taxa de cobertura mamográfica é a do Distrito Federal, com 4%. As melhores são de Alagoas e Paraná, ambos com 35%.
Mais de 437 mil mulheres realizaram procedimentos quimioterápicos no país no período analisado, entre 2015 e 2021.
Diagnóstico e tratamento
O levantamento ainda apontou que nos últimos anos aumentou o número de diagnósticos tardios. Em 2015, por exemplo, o índice era de 35%; em 2021, passou para 45%.
“Ao observarmos dados que revelam a deficiência de políticas públicas para a saúde das mamas durante a Covid-19, podemos prever que mais mulheres chegarão ao SUS com diagnósticos avançados, menores chances de cura e de qualidade de vida”, explica Daniela.
Entre as mulheres que fizeram quimioterapia em 2021 para câncer de mama, 45% delas receberam o diagnóstico em estágio avançado, representando 157 mil casos em estadiamento III e IV.
Mais de 60% de todas as mulheres diagnosticadas no país iniciaram as terapêuticas após o prazo que determina a Lei 12.732/12, que garante às pacientes o início do primeiro tratamento em até 60 dias a partir da confirmação do câncer.
O tempo médio no país em 2020 foi de 174 dias entre a confirmação do diagnóstico e o início do primeiro tratamento. As pessoas esperaram 114 dias a mais do que o previsto na lei para iniciar seus tratamentos.
Fonte(s): REDAÇÃO ND, FLORIANÓPOLIS
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