O Lacen/SC (Laboratório Central de Saúde Pública) detectou duas novas variantes da Covid-19 entre os meses de junho e julho em Santa Catarina: são as mutações P.1.1 e P.1.2.
Elas são derivadas da variante Gama (“amazonense”), linhagem responsável pelo segundo surto de infecções em Manaus, e foram detectadas em Mafra (Planalto Norte) e em Braço do Norte (Sul do Estado). Segundo o laboratório, ainda não se sabe se elas são piores que a variante originária.
Os dados integram o terceiro boletim genômico da Covid-19, divulgado nesta quinta-feira (8) pela Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica). No mesmo período, foi registrado o primeiro caso da variante Alfa (B.1.7 ou inglesa) fora de Florianópolis. A detecção foi feita em Brusque, no Vale do Itajaí. É o quarto caso desta variante em Santa Catarina, sendo que os três primeiros foram detectados em janeiro e fevereiro.
Assim, chega a 22 o número de mutações identificadas em Santa Catarina desde o início da pandemia. Gama e Alfa fazem parte do grupo “de preocupação” da OMS (Organização Mundial da Saúde), que reúne as variantes mais graves e que representam ameaça à saúde pública. As outras duas que integram o grupo, Beta (África do Sul) e Delta (Índia), ainda não foram encontradas no Estado.
As demais variantes que comprovadamente circulam entre os catarinenses fazem parte do grupo “de interesse” (mutações que mudam o comportamento da infecção) ou dos que apresentam malefício maior em comparação à cepa original. No primeiro grupo está a variante Zeta (P2), também documentada primeiro no Brasil, e é a segunda que mais circula no Estado.
O pódio das variantes com maior incidência fica com a Gama. “É possível notar que desde o surgimento da variante Gama (P.1) em dezembro a sua prevalência só tem aumentado. Dentre as amostras sequenciadas 54,2% corresponderam à linhagem P1, variante brasileira circulante desde o final do ano passado no país”, detalha o boletim.
Variantes em Santa Catarina
Para o mapeamento são realizadas análises em todas as regiões. As amostras são colhidas principalmente quando há transmissão anormal do vírus, em pacientes com quadros graves, mortes e em fronteiras, detalha Marlei Pickler Debiasi dos Anjos, diretora do Lacen.
Essas alterações do vírus ocorrem de forma aleatória, quando o vírus se reproduz no corpo humano. Quando estes “alterados” se reproduzem, passam a compor novas linhagens. A OMS (Organização Mundial da Saúde) documenta 11 mutações que modificam as características da infecção – divididas entre os já citados grupos de “atenção” e “interesse”.
Entre as três variantes já registradas, a que mais se propaga é a P1. Pelo menos 356 moradores ou pessoas que passavam por Santa Catarina estavam infectados com ela. Já a P2 (variante Zeta) foi detectada em 168 pessoas. A Alfa atingiu quatro pessoas.
Confira abaixo as 22 linhagens e o número de detecções no Estado.
Número de análises ainda é baixo
Por conta do custo, o número de detecções ainda é tímido. Desde o início da pandemia, apenas 658 amostras foram sequenciadas, sendo que no último mês 116 sequenciamentos foram realizados. Por outro lado, o número de casos confirmados de Covid-19 ultrapassa o primeiro milhão.
“É ainda um número baixo, o ideal seria fazer mais”, afirma Debiasi. A tendência é que a quantidade de sequenciamentos aumente e os boletins sejam publicados com mais frequência (entre o primeiro e o segundo boletim, o intervalo foi de dois meses; agora o Lacen diminuiu para um mês).
A diretora ainda cita a previsão de compra de novos insumos e o auxílio de laboratórios locais nos trabalhos, que eram feitos apenas pela Fiocruz e pela Funed (Fundação Ezequiel Dias). Gradativamente, o Laboratório de Bioinformática da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) realiza um número maior de análises, sendo hoje responsável por 17,58% dos sequenciamentos.
Fonte(s): FELIPE BOTTAMEDI, FLORIANÓPOLIS
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