Em 2020, o debate sobre o racismo ganhou ainda mais destaque após o assassinato de George Floyd, homem negro morto por asfixia nos EUA após um policial branco imobilizá-lo ajoelhando em seu pescoço. No Brasil, a morte de João Alberto Freitas, de 40 anos, também causou comoção e revolta após ele ser espancado por seguranças do supermercado Carrefour, em Porto Alegre (RS) e morrer devido aos ferimentos.
Conhecer os dois casos pode trazer repertório aos alunos que vão fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, segundo professores ouvidos pelo G1, mas isso não significa que a prova vai cobrar conceitos específicos destas mortes.
"No Enem sempre aparecem questões sobre diversidade cultural, discussão racial, memória e história. Você pode 'pendurar' tudo em movimentos como o Black Lives Matter, a morte do Geroge Floyd, os protestos contra símbolos ou marcos históricos que hoje são interpretados como racistas", explica André Freitas, do Sistema pH.
"Há habilidades competências que o Enem cobra que tangenciam temas transversais. O repertório é importante, mas a competência do aluno em analisar uma situação-problema real e propor uma resposta correta, não muda muito com o assunto que cair", reflete Freitas.
Segundo o professor, outro tema recorrente no Enem é desigualdade social. "Tivemos notícias recentes sobre aumento da pobreza e desigualdade no Brasil. Houve a discussão do cadastro emergencial em que se descobriram os 'invisíveis'. Mas o tema não é só deste ano. De 2015 para cá, houve o aumento da pobreza e da desigualdade", explica.
Por isso, é provável que questões já pré-testadas caiam na edição de 2020.
"Apesar de ser tema complexo, que se propõe discussões interessantes sobre pobreza e desigualdade no Brasil, às vezes a questão da prova é sobre interpretação de gráficos: basta o aluno ter a competência e a habilidade para, analisando dados a partir de um gráfico, interpretar um fenômeno", afirma Freitas.
Para se preparar para as "atualidades" que são cobradas na prova, alunos devem ficar atentos:
- Saiba como é feito o Enem:as questões que compõem o exame precisam ser pré-testadas, ou seja, elas "caem" em outras provas para que se conheça o nível de dificuldade de cada questão. Depois de testadas, elas entram no Banco Nacional de Itens (BNI) e são escolhidas aleatoriamente para cada exame. Este processo leva tempo, o que torna muito difícil que um acontecimento do segundo semestre de 2020 caia na prova, por exemplo
- "Atualidade" não é sinônimo de "notícia de hoje": um tema atual pode estar sendo discutido na sociedade há alguns anos, como é o caso do racismo. Caso o tema apareça no Enem 2020, os alunos poderão associar com movimentos como 'Black Lives Matter'.
- Identifique as habilidades e competências por trás de um fato:a notícia em si não vai ser cobrada no Enem, então não será preciso saber, por exemplo, em que cidade norte-americana aconteceu o assassinato de George Floyd. É mais provável que a prova cobre temas mais abrangentes sobre o racismo e negritude.
- Algumas matérias publicadas podem ajudar o estudante a se preparar. Não é preciso memorizar os fatos em si, mas, sim, procurar os conceitos por trás das informações e incrementar seu próprio repertório.
Fonte(s): Por Elida Oliveira, G1
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