O pároco que foi repreendido pela Igreja Católica após divulgar informações falsas a fiéis sobre a vacina contra a Covid-19 durante a transmissão online de uma missa em Pedras Grandes, no Sul de Santa Catarina, publicou uma nota de retratação em suas redes sociais no fim da noite de quarta-feira (3). A fala dele também resultou em um procedimento no Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) para apurar o caso.
Claudemir Serafim informou que diante da repercussão causada por conta de parte do sermão proferido por ele no dia 24 de janeiro, decidiu "retirar totalmente" a fala em que associou a produção de vacinas a abortos. "Declaro-a equivocada", escreveu na nota.
"Peço perdão ao bispo Diocesano, aos meus fiéis e a todas as pessoas que sofreram com dúvidas no uso das vacinas, ou ofendidas com isso. Declaro, por conseguinte, que não pus em xeque a eficácia das vacinas", informou.
O sacerdote agradeceu ainda as manifestações de carinho que recebeu de fiéis.
Caso
No dia 24 de janeiro, o padre Claudemir Serafim, transmitiu a celebração em uma rede social da igreja. Ele associou a produção de vacinas contra o coronavírus ao aborto e citou supostos efeitos colaterais, desestimulando a imunização. As afirmações vão na contramão do que é da ciência e do que é recomendado pelos órgãos de saúde.
O vídeo tinha mais de 870 visualizações até as 20h desta quarta (3). Nele é possível notar que havia outras pessoas na celebração. Coroinhas e padre aparecem sem máscara durante toda a cerimônia - o item de proteção é obrigatório no estado.
Investigações
O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) informou na quarta-feira (3) que a 4ª Promotoria de Justiça de Tubarão vai instaurar um procedimento inicial com base no vídeo que circula nas redes sociais. Este procedimento preparatório foi instaurado para verificar se há algum indício de crime e tem a função de apurar maiores informações sobre o caso. Nesta quinta-feira (4) o órgão não detalhou o andamento das investigações.
Pesquisador disse que comentários do padre são 'estapafúrdios'
Em carta aberta, o professor de Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina, Lauro Mattei, quem analisando o avanço do coronavírus desde o início da pandemia através de boletins semanais, contestou os comentários do sacerdote em relação a vacina contra a doença.
"[...] É importante registrar que qualquer vacina não causa nenhuma doença e, menos ainda, coloca a vida das pessoas em risco. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que somente essas vacinas [da cólera, difteria, febre amarela, varicela, tétano, tifo, rubéola, poliomielite, sarampo, meningite, hepatite B, influenza, caxumba, raiva, rotavirus, etc] são responsáveis por salvar mais de 3 milhões de vidas todos os anos. Além disso, o ato de você se vacinar tem um duplo sentido: ao mesmo tempo em que você se protege, você está protegendo a vida de outras pessoas. E isso é essencial numa vida em sociedade em que o espírito de coletividade deveria sempre guiar o comportamento individual", informou.
O pesquisador ainda falou sobre a segurança das vacinas aprovadas pelas autoridades pelas sanitárias. "Deve-se registrar que toda e qualquer vacina, antes de ser distribuída e utilizada pela população, passa por um rigoroso processo científico, antes de ser disponibilizado aos países".
Fonte(s): G1 SC
Comentários