Com o fim do feriado, você provavelmente esvaziou a dispensa de casa e já começou a fazer a lista de compras do supermercado, não é mesmo? Ou você faz parte do time que “reforçou” o estoque logo nos primeiros dias do mês de outubro?
Se você respondeu sim para a segunda pergunta, saiba que essa mudança de comportamento tem sido mais comum do que pode parecer nos últimos meses.
Um estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que o brasileiro está mudando até o dia de ir às compras. Tudo para driblar o monstro que estava adormecido e voltou a soltar fogo e queimar o seu dinheiro: o dragão da inflação.
De acordo com o economista da CNC, Fábio Bentes, devido à alta nos preços dos produtos básicos, o consumidor está deixando de lado o hábito de fazer compras semanais para levar “tudo o que puder” de uma vez só e logo no início do mês.
Segundo o profissional, o consumidor está antecipando as compras para aproveitar o dinheiro no bolso e, assim, preservar o poder de compra. A situação aconteceu no início da pandemia da Covid-19 e voltou a ser observada pela entidade nos meses de agosto e setembro de 2021.
“Esse padrão de distribuição mais desigual no fluxo de consumidores voltou a ocorrer nos últimos dois meses. Quando a inflação dos alimentos ficava acima de 1%, a frequência nos primeiros dias dos meses aumentava em alguns casos até 12% em relação à média do mês”, explica o economista.
“Quando o consumidor sentiu algum tipo de pressão no orçamento, esse aumento dos preços, por exemplo, correu logo para o supermercado”, completa.
Padrão dos últimos meses
Os estabelecimentos de consumo essencial, como farmácias e supermercados, concentraram um maior fluxo de pessoas nos seis primeiros dias dos meses de agosto e setembro.
Nos primeiros dias de setembro a frequência aumentou com relação a média de movimento do mês, com exceção do feriado de 7 de setembro.
Na opinião de Bentes, a inflação está acima do desejável, porém, não está “fora de controle”. “É uma estratégia, um movimento quase que instintivo do consumidor [ida ao supermercado no começo do mês] para preservar o poder de compra, a capacidade de aquisição de itens básicos”, pontua.
Possível melhora no cenário
O cenário onde seja apresentado uma melhora ainda deve demorar para acontecer, de acordo com o profissional. “A fonte de pressão na inflação neste momento são preços administrados, como energia elétrica e combustível”, afirma.
“Se pegarmos só a energia elétrica e a gasolina e avaliarmos como os preços se comportaram nos últimos 12 meses, 1/3 dos aumentos pode ser atribuído à alta exclusiva destes dois produtos”, completa o economista.
Mesmo consumidores que não tenham carro ou que estejam economizando energia em casa, não escapam do impacto. “Os produtos que esses consumidores adquirem leva um peso grande desses insumos na área da produção”, explica.
Recuo nas vendas em SC
As vendas do setor supermercadista catarinense registraram um recuo em duas das variações pesquisadas, com -1,44% em agosto de 2021 em relação a agosto de 2020, e com -2,98% em agosto na comparação com o mês de julho.
Os índices foram apurados na pesquisa mensal do Termômetro de Vendas, realizada pela Acats (Associação Catarinense de Supermercados).
Para o presidente da entidade, Francisco Crestani, o comportamento das vendas deve considerar alguns fatores importantes e que ajudam a explicar as quedas
“Temos uma taxa de inflação pressionada e isso retira o poder aquisitivo da população, automaticamente as cestas de produtos ficam mais seletivas e concentradas nos itens essenciais”, pontua o presidente.
Alta na cesta básica
Vale lembrar que Florianópolis é a terceira Capital brasileira com a cesta básica mais cara. Com o conjunto dos alimentos essenciais custando R$662,85, a Ilha de Santa Catarina fica atrás apenas de São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS).
Fonte(s): IAN SELL, FLORIANÓPOLIS
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