Você já parou para pensar o quanto o oceano e a vida marinha afetam sua vida? Seja numa cidade de interior ou numa cidade litorânea, o oceano influencia diretamente a qualidade da vida no planeta, equilibrando a temperatura da Terra e auxiliando a troca de gases na atmosfera.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelou que 40% dos entrevistados acreditam que as atitudes individuais não têm qualquer impacto nos mares.
O número chama atenção para diversos danos que poderiam ser evitados com pequenos gestos e mudanças de hábitos. Pensando nisso, o Programa Maré de Ciência, da Unifesp, desenvolve o projeto Escola Azul em parceria com instituições de Portugal nas escolas públicas e privadas de Educação Básica. O conceito Escola Azul foi desenvolvido em Portugal e trabalha o tema oceano dentro do currículo escolar.
A Escola Municipal Professora Maria Ivone Müller dos Santos está entre as que receberam o aceite para desenvolver e participar do projeto e integrar o mapa da Escola Azul.
A professora de Ciências, Tamily Roedel, conseguiu tornar a unidade a primeira escola pública de Navegantes a participar. De acordo com ela, a iniciativa faz parte da agenda das Nações Unidas para ações da Ciência Oceânica, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) entre 2021 e 2030.
“Independentemente da distância que estejam do mar, as escolas podem integrar seus estudantes, professores, diretores, sua comunidade escolar e região de entorno, para abordarem o conhecimento sobre o oceano e desenvolverem a cultura oceânica. Ou seja, o entendimento de como o oceano influencia a nossa vida e de como as nossas ações influenciam o oceano”, ressalta a professora Tamily.
Na onda das aulas
Em sala de aula, os estudantes não poupam curiosidade. Eles não faziam ideia da importância dos oceanos e se assustam quando percebem que as pessoas também não têm noção da necessidade de tratar sobre o assunto.
A aluna Letícia da Silva Roscete comenta que fica empolgada por perceber que tem mais gente preocupada com os oceanos. “Tem muito mais gente do que eu imaginava ajudando o planeta. Eu achava que a maioria não se preocupava e eu pensava isso pela quantidade de lixo que a gente vê na cidade no dia a dia e eu evito jogar lixo.”
A estudante Adriely Woicickoscke da Rosa também aprendeu sobre a vida marinha. “Eu fiquei interessada pela função dos corais e das algas, responsáveis por abrigar os peixes e produzir oxigênio”, relembra.
Isso porque a estudante e outros alunos envolvidos no estudo aprenderam que as algas – seres aquáticos que podem ser microscópicos ou macroscópicos – são as responsáveis pelo oxigênio e que, juntos, formam o chamado fitoplâncton. Acredita-se que o fitoplâncton produz cerca de 98% do oxigênio atmosférico.
Beatriz Eduarda de Mello, aluna do 7º ano, avalia que o projeto é um sucesso, pois aprendeu várias formas de evitar a poluição no planeta. “Eu já flagrei muitas pessoas jogando lixo no chão, como papel de bala. Em casa fazemos a separação de lixo orgânico e reciclável.”
Experiência de intercâmbio
A professora Tamily trabalha de forma transversal o tema oceano dentro do currículo escolar. “É possível trabalhar os princípios da cultura oceânica e demonstrar a atuação dos serviços ecossistêmicos que os oceanos proporcionam, como o oxigênio”, ressalta.
A diretora da unidade escolar, Jeniffer Pereira da Silva, nunca pensou que o projeto tomaria tanta proporção. “A gente atravessou uma pandemia, em que os alunos ficaram meses sem ver nada diferente, e esse projeto possibilitou o intercâmbio cultural e de conhecimento que esses alunos jamais teriam. Eu não imaginava tamanha visibilidade. O tema poderá ser mais explorado dentro da escola, com as demais disciplinas, levando em conta as características da nossa cidade, que está contornada pelo mar”, comemora.
O diretor-adjunto, Janderson Nahring, considera importante o envolvimento de todos os professores. “Esse é um tema transversal e integra conteúdos e habilidades que a BNCC propõe. Então, é importante essa abertura inicialmente dada pela direção, mas também por toda equipe em abraçar a iniciativa, com escolas dispostas a se permitir inovar. Entre as turmas, a conscientização ambiental gerou mudança de comportamento e preocupação das crianças do cuidar, e zelar, do manter e do poupar”, avalia.
Fonte(s): LUIS GUSTAVO VARELA, NAVEGANTES
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