Sem medidas sociais sérias e urgentes no Brasil, o número de mortes pela covid-19 vai aumentar ainda mais e o país será uma ameaça para a região sul-americana e para o mundo. A declaração é da cúpula da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, nesta sexta-feira, fez um alerta sobre a crise sanitária brasileira e mandou um recado duro ao governo.
"A situação é muito preocupante. Estamos profundamente preocupados", disse. "Não é só o número de novos casos que aumenta. Mas de mortes também", insistiu Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
"Para frear a transmissão e ter um impacto significativo, deve haver medidas sociais sérias", defendeu. "As medidas que devem ser tomadas devem ser as mais sérias possíveis para que haja algum progresso significativo", insistiu Tedros.
Mas ele também deixou claro que a responsabilidade é de governantes para que assumam uma "mensagem clara" sobre qual é a real situação no país e para que adotem medidas concretas e consistentes.
"Se não forem tomada medidas sérias, a tendência de alta que está inundando o sistema de saúde e que está superando sua capacidade vai resultar em mais mortes", alertou Tedros.
"A situação no Brasil piorou, com alta incidência de casos e aumento de mortes em todo o país", disse Mike Ryan, diretor de operações da OMS. Segundo ele, há um rápido crescimento da ocupação de leitos de UTI, com mais de 96% em alguns locais ou se esgotando em termos de espaço. "Há pouca capacidade e resiliência sobrando no sistema", disse.
"Gostaríamos de ver o Brasil ir em uma direção diferente. Mas isso vai exigir um enorme esforço para que isso aconteça. O sistema está sob pressão agora. Enquanto muitos países da América Latina estão indo em uma boa direção, o Brasil não está", afirmou.
"Isso precisa ser levado a sério no Brasil", insistiu Ryan. "Não tenho dúvida de que a Saúde brasileira, a ciência e o povo podem reverter isso. A questão é se eles terão o apoio que necessitam para fazer isso", alertou, num recado direto ao governo.
Segundo ele, houve uma melhora na situação do estado do Amazonas. Mas outras partes vivem um novo drama. "Algumas regiões estão sob uma ameaça extrema", disse, apontando para o Centro-Oeste e Sul.
Ryan também destacou que está preocupado diante do aumento da taxa de testes positivos e do número de letalidade, refletindo a pressão sobre o sistema e a falta de tempo que os profissionais de saúde contam
Fonte(s): Jamil Chade, Uol
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