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LIS OLIVEIRA

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Anita Garibaldi, heroína catarinense, nascia há exatos 200 anos

A revolucionária de Laguna é reverenciada no Brasil - em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul - e no exterior, no Uruguai e na Itália
Anita Garibaldi, heroína catarinense, nascia há exatos 200 anos
Foto: Reprodução

Ana Maria de Jesus Ribeiro, mais tarde Anita Garibaldi, nasceu em 30 de agosto de 1821, há 200 anos. Para celebrar seu bicentenário, a NDTV e o Instituto CulturAnita produziram o documentário “Anita: Amor, Luta e Liberdade”, que estreou no último sábado (28). A obra tem quatro episódios, foi gravada em Santa Catarina e na Itália, e é dirigida pela jornalista e cineasta Isabela Hoffmann, de Florianópolis.

O trabalho, que traz Lize Souza na pele de Anita, repercute no Brasil e no exterior. “Sempre fui fascinada pela história dela. Estou acompanhando a série, aqui de Portugal, no YouTube. Está incrível, parabéns a todos”, comentou Hanna Ribeiro nas redes sociais do Grupo ND

“Lindo! Emocionante! Que venham mais histórias como essa!”, registrou outra fã, Alexandra Schmidt. “Desde já, parabéns pela estreia de Anita Garibaldi. Estou assistindo concitada, com esta história bem contada pelos personagens, que fantástico!”, disse Cleusa Medeiros.

Convidada por Roberto Bertolin, diretor regional do Grupo ND, para realizar a obra, Isabela disse que foi desafiada a fazer algo diferente. “Pesquisei muito sobre Anita. Os livros, documentários, filmes e uma coisa me chamou atenção: onde está a mulher por trás da heroína?”, pensou a diretora.

“A ideia não é despir a heroína, pelo contrário, é mostrar como ela se tornou essa heroína”. Na visão da jornalista, Anita era uma mulher diferente de todas as outras de sua época. “Não administrava lares. Saiu para a rua. Foi à guerra!”

Quem foi Anita Garibaldi

As mulheres questionam o mundo e brigam por igualdade e respeito em 2021. A lagunense Anita Garibaldi fez isso no século 19. Ela é filha de Bento Ribeiro da Silva, tropeiro, e Maria Antônia de Jesus Antunes, do lar. Os dois se conheceram em Tubarão e se casaram em Lages e tiveram dez filhos.

Ana Maria foi a terceira, uma menina que cresceu perto dos animais e se tornou exímia amazona. É descrita pelo biógrafo Adílcio Cadorin como indômita, rebelde e que não aceitava convenções. Seu primeiro casamento foi com um sapateiro, Manuel Duarte, mas não prosperou.

O coração e os ideais dela estavam atrelados ao italiano Giuseppe Garibaldi. Depois que se conheceram, Anita e Giuseppe lutaram juntos em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Itália. Os dois tiveram quatro filhos: Menotti, Rosita, Terezita e Riccioti.

Segundo o jornalista Paulo Markun, também autor de biografia sobre Anita, o pesquisador suíço Wolfgang Ludwig Rau é o verdadeiro biógrafo da heroína catarinense. Ele expôs sua opinião no painel literário “A Anita Garibaldi dos livros”, conduzido pelo jornalista Moacir Pereira em julho deste ano.

“Foi ele quem conseguiu as informações mais importantes. Tinha essa paixão por Anita, mas distinguia a paixão da busca pela verdade. Ele, por exemplo, jamais inventou que Anita tenha nascido aqui ou acolá (…) Toda história da família indica que ela nasceu em Laguna, porém, não há prova disso. Mas Rau encontrou um documento muito importante que, até então não estava consolidado, a certidão do primeiro casamento de Anita, que muda toda história”, lembrou Markun.

Repatriação dos restos mortais de Anita Garibaldi

Anita Garibaldi é reverenciada no Sul do Brasil e no exterior. Para a jornalista Isabela Hoffmann, outro fato importante sobre a história dela, relatada pela folclorista gaúcha Elma SantAna, é que Anita nunca voltou para os lugares de onde saiu.

“Sai de Laguna em 1839 para nunca mais voltar. Vai para o Rio Grande do Sul, luta, e vai para o Uruguai, onde fica seis anos e, do Uruguai, para a Itália, onde morre”, registra Isabela.

Em Santa Catarina, aprendeu os ideais revolucionários com o tio Antônio e pegou pela primeira vez em armas, aos 18 anos, no chamado “batismo de fogo”, batalha dos republicanos contra os monarquistas no contexto da Revolução Farroupilha, em Imbituba.

Em seu Estado natal, Anita Garibaldi nomeia uma comenda e dois municípios: Anitápolis e Anita Garibaldi. No Rio Grande do Sul, onde teve um filho, é lembrada pela causa Farroupilha.

No Uruguai, onde os Garibaldi tiveram três filhos e lutaram pela República. E na Itália, onde lutaram pela unificação e onde ela morreu grávida de seis meses, em 4 de agosto de 1848, pouco antes de completar 28 anos.

Por tudo que representa, o Instituto CulturaAnita sonha trazer os restos mortais de Anita para o Brasil. Na opinião do historiador e também biógrafo de Anita, Adílcio Cadorin, ela é um dos maiores vultos históricos do mundo.

No passado, Cadorin tentou mobilizar o governo brasileiro a solicitar a repatriação dos restos mortais de Anita Garibaldi, junto ao governo italiano, porém, não obteve sucesso. O historiador pretende retomar essa questão, no momento certo, depois das comemorações do bicentenário.

 

 

Fonte(s): NÍCOLAS HORÁCIO, FLORIANÓPOLIS

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